quinta-feira, setembro 08, 2011

A vida não maltrata, ela ensina


A vida nos endurece, nos torna rígidos em sentimentos, preceitos, decisões e atitudes, nos faz pessimistas. A vida nos amolece, nos torna sensíveis, carentes, condescendentes e otimistas. A vida pode nos tornar muitas coisas, boas ou ruins, grandiosas ou medíocres, pessoas fortes ou fracas, ignorantes ou sábias. Tudo depende do que aprendemos com nossas vitórias e derrotas ou do que deixamos de aprender.
Aprendi a seguir em frente sempre, e que as pessoas vão caminhar com você enquanto puderem, mas se isso as atrasar, elas o deixarão para trás e terão uma boa desculpa para isso. E não estão erradas, supere! Aprendi a desconfiar do caráter de alguém que não gosta de animais ou crianças, certamente, há algo de errado. Aprendi a não ir ao supermercado de barriga vazia, gasta-se o dobro. A não guardar mágoas ou alimentar desavenças, é burrice e perda de tempo, pois você sofre, a outra parte não sabe e o resto do mundo não liga.

Aprendi que passar uma tarde inteira fazendo merengue com meu avô para depois me lambuzar até enjoar pode ser maravilhoso, engorda, mas e daí? Aprendi também que você não deve permitir que ninguém te magoe, não importa o motivo, a decisão é sua. Que comprar pela internet é prático mas, quando dá problema, é bem pior de se resolver. Que não é errado se apaixonar, confiar, demonstrar, enlouquecer, o errado é não sentir nada.

Aceitei que datas comemorativas foram criadas pelo comércio para dar lucro, mas nos servem como pausas na vida e é um bom motivo para reunir a família e os amigos. 

Aprendi que fazer a coisa certa é gratificante, mas fazer coisas erradas pode ser bem interessante. Que ser impulsiva pode me trazer muitos dissabores, mas que os sabores que experimento tornam meu paladar mais aguçado. Que a maioria das nossas queixas de hoje serão as saudades de amanhã. Que uma pia entupida pode causar mais transtornos do que se imagina.

Percebi que um texto nunca estará terminado, não o suficiente para quem o escreveu, como este, por exemplo. Que temos que encontrar nosso lugar no mundo e que não podemos querer ser mais e nem menos do que nos cabe. Que caviar é ruim, apesar de bonito. Que maniçoba é uma delícia, apesar de feia. 

Entendi que enfrentar dificuldades na vida é péssimo, mas nos fortalece. Que a saudade pode ser devastadora. Que animais de estimação e amigos são uma verdadeira terapia. Que dinheiro não traz felicidade... Para quem já não era feliz.

Que posso passar horas apenas ouvindo minhas músicas preferidas ou lendo um bom livro ou apenas olhando o mar. Que dançar também é uma terapia, dançar compulsivamente. E rir, rir muito, gargalhar. E que chorar é preciso quando se está triste, com a alma dilacerada, é extremamente necessário chorar, copiosamente, feito criança, é a melhor maneira de desabafar e sarar seja o que for.

Tudo isso, aprendi com minha família, meus amigos, meus namorados, chefes, colegas, subordinados, vizinhos, professores, conhecidos, desconhecidos. Com livros, revistas, filosofia barata, jornais, gibis, Internet, cinema, programas de televisão, bulas de remédio, manuais de instruções, publicidade. Com a vida. Comigo. Com a morte.

A vida nos amolece, nos endurece, na verdade nos torna flexíveis. Algumas dessas coisas eu aprendi cedo demais, outras, tarde demais, outras não apreendi direito e preciso carregar uma “cola” para não esquecer. A verdade é que a vida não nos maltrata, ela nos ensina.

4 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Simplesmente EXCELENTE texto! Nos faz rever as próprias ações e quem sabe agir de maneira diferente. Parabéns, Naninha!

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  3. Lido este post, "Nanda"! Parabéns, lindo! rsrs

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