Naquele dia, não queria nada. Abriu os olhos como faz todos os dias, cambaleou entre pia, box e guarda-roupas e saiu.
O show estampado no outdoor, que não a interessava, continuava na esquina do seu trabalho. O bom dia foi menos intenso e o café, inútil. Também não esperava por nada.
Rotinas cumpridas meio que no automático, maldades esbarrando na sua indiferença, pessoas indo, vindo e rindo. Entre um relatório e uma decisão, risos intermináveis, interrompidos apenas pelo seu estômago, maldito. Já não lamentava nada.
- Posso seguir o GPS? Pergunta o motorista.
- Pode, claro.
Entrar por aquela rua significava fugir dos semáforos, uma pressa que ela não queria, mas tinha.
Entre escada e elevador, pegou o mais rápido. A essa altura, não pensava mais em nada. E não precisava, não naquele dia.
Então, o boa noite foi mais intenso e o vinho, infalível.