segunda-feira, dezembro 28, 2020

Mais empatia, como seria?


O mundo precisa de mais amor, por favor. Precisa de compaixão, solidariedade, compreensão, paz, amizade... Sim, sabemos que ele precisa de tudo isso, no entanto - tenho pra mim - o que realmente o mundo precisa é empatia.

Empatia - estado de espírito no qual uma pessoa se identifica com outra, presumindo sentir o que esta está sentindo.

Se todos nós, criaturas pensantes, animais racionais pertencentes à raça humana conseguíssemos nos colocar no lugar do outro, sentir na pele o que o outro está sentindo, entender todo o contexto daquela pessoa, teríamos mais amor e não teria de ser um favor.

A humanidade vive uma era de ódio generalizada. Ódio político, ódio religioso, racial, homofóbico, misógino, xenofóbico, classicista, ódio por tudo aquilo que foge ao padrão e às convenções da sociedade ao qual se está inserido. Ódio ao oposto, ao diferente, ao politicamente incorreto, ao outro.

Se uma coisa está onde alguém acha que não deveria estar, ódio. Se alguém é algo que uma minoria não gostaria que fosse, ódio. Se emite uma opinião contrária, ódio. Se é, ódio. Se não é, ódio também. Talvez a solução seria não se importar tanto com o que não lhe diz respeito, parar de invadir o espaço pessoal alheio, cuidar da própria vida. Ser egoísta mesmo.

É melhor do que queimar um mendigo por ele estar deitado em uma praça pública. Ou espancar um gay por ele ser gay. Ou entrar em uma igreja atirando em todo mundo por todos serem negros. Ou invadir um trem e atacar um torcedor de outro time pelo simples fato de ele torcer para outro time.

Se todos nós tivéssemos a, não tão incrível, capacidade de nos projetar em outra pessoa ou, num dado momento, na pobre criatura agredida física, psicológica ou verbalmente, não chegaríamos a agredi-la. Se entendêssemos as necessidades e ansiedades alheias como se fossem nossas também, não chegaríamos ao ponto em que estamos hoje.

E, assim, quem sabe, a moça do tempo não seria execrada publicamente nas redes sociais, os inocentes cachorrinhos passeando no condomínio não seriam atacados a tiros por estarem passeando.

E talvez, só talvez, bananas não seriam atiradas no estádio de futebol, amigos não virariam inimigos por simpatizarem com partidos políticos diferentes, deficientes teriam suas vagas de estacionamento sempre vagas quando precisassem e mulheres não seriam estupradas por andarem de saia na rua.

Um país que vive à sombra de uma cultura de meritocracia e que não a comporta, pois é repleto de desigualdades, se conseguisse incorporar essa presunção de projeção, entenderia que qualquer coisa pode acontecer com qualquer um. Que o bullying não é divertido para quem sofre e que o contrário também pode acontecer.

Compreenderia que não se pode julgar sem conhecimento de causa. Que mulher não foi “feita para apanhar”, que nem todos têm as melhores oportunidades na vida e que “sucesso” pode ter semânticas diferentes. Um viciado em drogas não é, necessariamente, um bandido, mas apenas alguém que não teve escolhas. Um animal de rua não merece ser chutado por estar na rua, ele preferiria não estar.

E com mais empatia, como seria? Seria mais igualitário, mais coeso, mais tranquilo. Seríamos mais tolerantes. Valeríamos mais a pena. Guerras teriam sido evitadas.

Se essa ideia pegasse, professores não apanhariam de alunos e as salas de aula serviriam para ensinar e aprender. Se virasse hashtag, que está na moda, seríamos todos Charlies, Majús e Kalianes e uma criança não seria apedrejada ao sair de um culto apenas por pertencer a determinada religião. Como seria? Seríamos humanos, no sentido mais puro. Por favor, mais empatia!

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